sábado, 6 de novembro de 2010

E nem vai avaliar os capacitados a ingressar no Ensino Superior...


            Jovens estudantes de todo o país estarão realizando hoje e amanhã (06 e 07 de novembro) a prova do Enem, no intuito de “avaliar o desempenho do aluno ao término da escolaridade básica, para aferir desenvolvimento de competências fundamentais ao exercício pleno da cidadania” [¹].
          Muitas IES (Instituições de Ensino Superior) de nosso país adotaram a prova do ENEM como único critério de seleção para o ingresso na Instituição, como é o caso da UFC (Universidade Federal do Ceará).
            
No entanto, eis que coloco em exposição os seguintes questionamentos: Será que uma prova objetiva contendo 180 questões com textos enormes e realizada durante dois dias realmente avalia a capacidade de determinado aluno entrar ou não em uma IES? O Brasil tem, de fato, suporte para realizar um Exame que abranja todo o país? Será que o Enem não é uma forma de “maquiar” o sistema educacional brasileiro?
           
Os alunos passam toda a vida estudantil se preparando para realizar o vestibular, no intuito de ingressar nas Universidades do país. No entanto, uma prova objetiva não mede, verdadeiramente, a capacidade do aluno. O acerto de um estudante que se dedicou durante todo o ano e estudou todos os conteúdos é o mesmo de um aluno que simplesmente “chutou” a questão. Fora que não há mais o estímulo para os jovens escreverem sobre o que sabem, colocar no papel suas idéias sobre o conteúdo, o que é um fator importante para a construção do aprendizado. E alguém pode até dizer: “Ah, mas o aluno terá que passar pela prova de redação”. Sim, de fato, é realizada uma redação, no entanto o estudante passa toda a vida estudantil em um colégio para chegar a uma prova em que a sua capacidade de escrever será avaliada por uma redação de no mínimo 8 linhas? Discorrer sobre as questões é importante, pois é um pré-requisito básico para ingressar no Ensino Superior.
            
Além de não medir, verdadeiramente, a capacidade do aluno, a prova do Enem, na forma como foi organizado o sistema, contribuirá para um grande número de vagas ociosas nas universidades. Para os que não sabem, a escolha dos cursos será feita após o aluno saber quantas questões acertou na prova e ele terá 5 opções de escolha. Um aluno quer Direito, por exemplo, e verifica que sua pontuação não é suficiente para ingressar no curso, o aluno escolherá, portanto outro curso que sua pontuação seja suficiente para entrar (podendo, até, tomar a vaga de alguém que queria, de fato, a “segunda opção” desse aluno). O estudante pode até gostar do curso que escolheu ao invés do que realmente queria, mas o sentimento de frustração e a probabilidade de ele não gostar é enorme.
            
Outro ponto  negativo do Enem também é o fato da perda do regionalismo. O Brasil é um país de dimensões continentais em que cada região, cada Estado, tem suas peculiaridades. Ora, até mesmo quando havia a prova da UFC (em que caía os regionalismos) pouquíssimos alunos estudavam sobre o nosso Estado (a História, a Literatura, a Geografia, etc) imagina agora com uma prova em que não serão relevados os elementos regionais... Onde entrará, então, a identidade estadual? 

A prova do Enem também servirá como uma ótima forma de "maquiagem" para o sistema educacional do Brasil. Será mais útil como um teste de paciência e de resistência, do que como uma forma de medir o nível do aluno, pois é uma avaliação de um nível fácil, porém de textos grandes e de leitura exaustiva. Os alunos que não se prepararam muito serão submetidos a esse teste e, provavelmente, se darão melhor do que nos vestibulares realizados pelas comissões de cada IES (também verificaremos algumas pérolas, algumas barbaridades, mas sempre fará parte do sistema). Vai ser uma ótima estatística para o governo mostrar como a Educação está melhorando, no entanto só quem se dará mal, mais uma vez, é o aluno que verdadeiramente estudou e se dedicou, pois estes esperam uma prova de nível mais difícil (já que estão mais preparados).

Fiquemos de olho para o futuro das Instituições de Ensino Superior em nosso país, pois, com certeza, com a mudança no critério de seleção, mudará também o perfil dos alunos que entrarão nas Universidades.
Esperamos que melhore, Sempre... No entanto, é preciso expor as críticas, a fim de buscar uma solução.

ESTAMOS DE OLHO...



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